"Não tenho medo, ando com Deus", diz trabalhador da PJ sobre tentativas de furar greve


CIDADE DO MÉXICO (apro) - Salvador Mejía é um atuário que iniciou sua carreira em 1998 no Judiciário da Cidade do México. Isso significa que ele trabalha no setor público há 27 anos. Ele fala, segurando um copo de isopor com café preto, enquanto confessa que sua família lhe disse que teme seu envolvimento na paralisação.
“Não tenho medo, ando com Deus”, enfatiza, tomando um gole do copo.
Durante a greve, um suposto grupo de choque tentou romper o bloqueio, atacando três mulheres, segundo o depoimento de Mejía. O Proceso documentou o ataque em 11 de junho. Essa história causou medo em sua família devido ao seu envolvimento.
O homem revelou que seu movimento recebeu ameaças e tentativas de coação, mas por questões de segurança não pode se pronunciar sobre isso nem sobre os supostos autores que já identificou.
Ele passa a noite em uma tenda cuidadosamente colocada entre os degraus do edifício Juan N. Álvarez, em homenagem ao líder liberal do estado de Guerrero. Este edifício está localizado na Cidade Judicial, no bairro Doctores, na Cidade do México.
Em um canto do tribunal, eles coletam doações de seus companheiros combatentes: guardanapos, café, açúcar, biscoitos e outros suprimentos.
Está garoando lá fora, com pequenas gotas caindo nos letreiros fluorescentes com os slogans: "Fora a Guerra", "Seu trabalho não vale 5%", "Um aumento decente, camarada", "Não se deixe abater".
Ela está sentada em um banco dobrável, bem em frente a uma mulher de cabelo tingido de ruivo. Seu nome é Erika Contreras, assistente administrativa em um tribunal cível na Cidade do México. Ela trabalha lá desde 1995.
"É a crônica de uma morte anunciada, a do judiciário", diz.
À reportagem, Erika pediu desculpas aos cidadãos e litigantes insatisfeitos e reclamou também da extinção dos tribunais, consequência da reforma do Poder Judiciário, aprovada em setembro de 2024.
"Não houve logística nessa reforma, e aqui estão as consequências."
Ela disse que irá embora em breve, pois seus colegas não querem que as mulheres guardem o acampamento do protesto após o incidente com o suposto grupo de protesto.
Anteriormente, os manifestantes penduravam faixas apenas durante o horário de expediente, das 9h às 15h, bloqueando também o acesso ao tribunal. Agora, eles temem que o presidente Rafael Guerra Álvarez possa forçar a reabertura dos tribunais.

A greve dos trabalhadores começou em 28 de maio e, nas semanas seguintes, peritos do Instituto de Serviços Forenses e Ciências Forenses e litigantes da Defensoria Pública aderiram à greve, todos com denúncias contra seus superiores por assédio no local de trabalho e remuneração insuficiente, além de não fornecer benefícios trabalhistas.
"Você acha que consegue viver com 6.000 pesos?", pergunta Mejía, em meio a reclamações dos colegas. Todos sorriem enquanto tomam café com refrigerante, abrigando-se da chuva sob o amplo teto do tribunal.
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